Houve um tempo,em que a Páscoa era vivida intensamente lá em casa.Assim como o natal,os dias de anos,as pequenas e as grandes vitórias do dia a dia, eram razão mais do que suficiente para estarmos todos juntos.E a mesa era enorme e farta.A casa irradiava alegria,amor,cumplicidade.A mãe compráva sempre flores frescas que punha no centro da mesa(ela adoráva flores e deixou-me também essa herança),sobre uma toalha branca bordada guardada para dias especiais, que afinal acabava por ser muito usada, porque havia sempre muitos dias especiais! a cozinha era uma mistura de cheiros que me embebedavam e me faziam andar atrás da mãe para rapar os tachos dos doces e entrar em guerra com o mano, para ver qual dos dois chegáva primeiro. Nesses dias, o pai podia chegar atrasado mas estáva sempre lá.Nesses dias, a mãe compráva sempre uma roupa nova para eu e o mano estrearmos.Nesses dias, havia sempre sol e as noites arrastavam-se ao sabor das conversas banais feitas de cumplicidade, que muitas vezes terminavam altas horas embrenhadas em renhidos jogos de cartas que ninguém queria perder.
Hoje, doe-me sobretudo a memória das ausências e a incapacidade de não poder voltar no tempo.
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