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domingo, 21 de abril de 2013

Viagem

Há muito que deixaste de escrever a tua história. Uma história que agora é feita apenas de fragmentos mais ou menos longos,sarapintados aqui e ali de uma réstea de humor e até por vezes de alguma mágoa mal disfarçada.Continuas a sorrir, mas dou por ti muitas vezes(sempre?) a olhar o vazio e não sei que memórias ainda guardas porque tenho medo de te perguntar.Estás tão velhinho pai!cada dia que passa, os teus passos são mais lentos,curtos e pesados,como os de quem carrega uma vida nem sempre mãe,muitas vezes madrasta.Dou-te o que consigo dar-te e não imaginas o amor que te tenho,mas há uma rolha na minha boca,um nó no meu coração, que não me deixa ir mais além....não te sei explicar porquê nem o que é, mas foi sempre assim. Sinto a falta de um abraço teu e sei que me vou arrepender de não te o ter dado sempre que devia.Dantes não estávas lá,mas hoje estás aqui a apanhar sol na varanda,a andar de um lado para o outro e eu a olhar para ti sem me conseguir aproximar, tal como noutros tempos. Hoje estou angustiada pai e gostáva de poder contar-te como me sinto mal,sózinha com tanto para dizer e sem ter ninguém que me oiça. Gostáva de poder contar-te das saudades que tenho da mãe e do mano e de como gostáva que eles estivessem aqui connosco. Gostáva de ter podido contar-te os sonhos que tive e a esperança que tenho de um dia ver a tua neta realizada e feliz.Gostáva de poder dizer-te que às vezes é difícil para mim esta caminhada,que é longo o caminho e os sonhos muitas vezes não passam disso mesmo. Tu não ias entender.....mas eu vou fazer de conta, como quando era pequenina, onde cabiam todos os sonhos do mundo e tudo era possivel. Eu sei que a tua viagem está perto de terminar e que esta história não terá um fim feliz,mas estou e estarei sempre contigo até ao dia em que iremos juntar-nos todos no arco-ìris. Amo-te pai.

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